A Fertilização in vitro (FIV) é a biotecnica da reprodução em que todos os processos fisiológicos: maturação folicular, fertilização e desenvolvimento embrionário são obtidos em laboratório (in vitro), fora do útero animal, ao contrário da clássica Transferência de Embriões (TE). O primeiro terneiro resultante desta técnica nasceu em junho de 1981 nos EUA – Bracckett et al (1982). A produção de embriões in vitro (PIV) começa com a aspiração dos ovários das doadoras para coleta de ovócitos (óvulos imaturos aspirados com auxilio do aparelho de ultrasonografia). A coleta pode ser feita em animais de diferentes idades: pré-púberes (10 meses), púberes, adultos e senis; e nas mais diversas condições reprodutivas tais como: animais gestantes (do 2° até o 4° mês de gestação), animais com problemas reprodutivos adquiridos, fêmeas que não respondem aos processos de superovulação e etc. Posteriormente a coleta dos ovócitos estes passarão por um processos denominado de maturação in vitro (MIV) seguidos pela fertilização in vitro 24h depois da punção dos folículos (inseminação FIV) e depois cultivados por 7 dias em ambiente controlado de temperatura, umidade e quantidade de CO2 (estufas). Os embriões obtidos são classificados de acordo com a IETS (sociedade internacional de transferência de embriões) e os viáveis (aptos a produzirem uma prenhes) transferidos às receptoras. Esta técnica permite ainda a obtenção de um grande avanço genético pela diminuição do intervalo entre gerações e ou pela rapidez na produção de descendentes (quando usados animais pré-puberes).
Então de uma mesma doadora poderão ser coletados em média 10 ovócitos por seção, onde 8 deles serão maturados, fertilizados e cultivados in vitro atingindo assim, aos 7 dias, o estágio próprio para a transferência. Neste momento ele é transferido a uma receptora previamente sincronizada obtendo-se então uma prenhes por vaca a cada seção, confirmada com auxilio do ultra-som, aos 30 e 45 dias de gestação. As seções de punção podem ser repetidas a cada quinze dias, sem causar dano algum a fêmea doadora. A técnica permite o uso de uma única dose de sêmen para varias doadoras e não faz uso de hormônios (superovulação). Alguns animais podem produzir mais embriões/punção e por conseqüência mais prenhes por seção de punção. A cada dez embriões transferidos para as receptoras (barriga de aluguel), 40% vão levar a gestação a termo.
A transferência de embriões (TE) é uma técnica que visa aumentar o número de descendentes de uma mesma fêmea (doadora) durante a sua vida. Devido ao período de gestação dos bovinos ser de aproximadamente 275 dias, problemas nutricionais e ou período de transição no pós-parto só conseguimos de cada vaca no máximo um bezerro a cada ano. Com a TE pode-se obter vários produtos ao ano. A primeira TE com sucesso em bovino foi realizada por Willet et alli, 1951. A técnica em si consiste na administração de um hormônio folículo estimulante FSH (hormônio hipofisário), possibilitando que a doadora produza várias ovulações (mais folículos), num processo denominado de superovulação. Porém existe uma variação individual muito grande, quanto ao número de embriões produzidos por cada doadora. Durante este processo a doadora apresenta cio (devido à aplicação de prostaglandina), sendo inseminada em horários pré-determinados, utilizando 2 inseminações, de acordo com a qualidade do sêmen, que foi previamente avaliado. Após 7 dias das inseminações, faz-se a coleta (lavado uterino), utilizando-se um cateter transvaginal e meios (líquidos) específicos, que proporcionam a manutenção e desenvolvimento embrionário mesmo fora do útero. O lavado resultante da coleta é filtrado e analisado através de um microscópio estereoscópico (lupa) as estruturas são classificadas de acordo com a IETS (Sociedade Internacional de Transferência de Embriões) que, ao final vão resultar em estruturas viáveis, aptos a TE e ou ao congelamento e não viáveis embriões degenerados, óvulos (não fecundados) e outras estruturas não aptas a TE.
As fêmeas receptoras (animais de menor valor zootécnico barrigas de aluguel) são previamente sincronizadas para que dêem cio juntamente com a fêmea que doou os embriões (doadora), para que desta forma possam receber o embrião já classificado e devidamente nutrido. A transferência é realizada pelo método não cirúrgico: que consiste na deposição do embrião no corno uterino correspondente ao lado da ovulação, utilizando aplicador e bainhas especiais, através da vagina e com auxilio de uma anestesia epidural é feita a inovulação (colocação do embrião dentro do útero). Podemos ter como parâmetros médios que cada coleta resultará, em 5 embriões viáveis e aptos a TE com 50% a 60 % de chances de se tornarem uma prenhes, devidamente confirmada com o auxilio do aparelho de ultra-som aos 30 e aos 45 dias de gestação.